CARTA ABERTA AO POVO MANAUARA
Se alguém te propõe deixar de ganhar 900 reais por mês para passar a receber 400 reais mensais, você aceitaria de bom grado? Claro que não, certo?
No entanto, é isso que a Infraero está fazendo ao propor a concessão do Terminal de Logística de Carga (Teca) do Aeroporto de Manaus (AM). Só que estamos falando de uma perda de cerca de 60 milhões de reais ao ano.
A denúncia é levantada pelo Sindicato Nacional dos Aeroportuários (Sina), que alerta: a concessão do Teca de Manaus trará prejuízos incalculáveis para o povo amazonense e toda a população brasileira.
A privatização do Teca irá tirar recursos da Infraero, tornando-a ainda mais frágil financeiramente para investir nos terminais deficitários mas com papel essencial para o povo do país.
O Teca manauara é o maior em fluxo de cargas administrado pela Infraero e também o mais rentável da empresa pública. É um dos três maiores do Brasil, ficando atrás somente de Viracopos-SP e Galeão-RJ.
O terminal de cargas tem um papel econômico fundamental para o município e o Estado do Amazonas. Ao ser concedido, seguindo a tendência de todas as outras concessões, corre um enorme risco de ter aumentadas suas tarifas e taxas, o que resultará em incremento dos custos para importação e exportação no Polo Industrial de Manaus. Isso é bom para quem?
Não só o Teca de Manaus, mas qualquer outra concessão promovida pela Infraero é extremamente prejudicial a todos os brasileiros, pois coloca em risco a sustentabilidade da estatal, que sempre foi a base ou a matriz, da gestão de infraestrutura aeroportuária do Brasil, um país continental.
O Teca arrecada mais de 60% dos recursos do complexo aeroportuário em Manaus, destaca o Sindicato. Sua concessão significa uma privatização indireta do Aeroporto.
A privatização precisa ser freada
“A concessão do Teca de Manaus irá prejudicar toda a comunidade, a indústria e os serviços locais, e gerar um efeito cascata de aumento de custos e diminuição da competitividade da região”, ressalta o Sindicato Nacional dos Aeroportuários.
O Teca de Manaus arrecada hoje, em receita líquida, cerca de 9 milhões de reais mensais. A licitação que vem sendo encaminhada pela Infraero, já em fase final de adjudicação para a concessão, prevê o pagamento mensal de 4 milhões de reais à estatal como contrapartida pela exploração do Teca. Ou seja, a Infraero vai deixar de arrecadar 5 milhões de reais por mês. A quem interessa esse negócio?
A empresa pública diz que a iniciativa é uma oportunidade para ampliar seu portfólio de serviços e parcerias privadas. Faz sentido perder dinheiro público para isso? Não, e é nessa lógica que o governo quer privatizar, se puder, todos os equipamentos superavitários da Infraero. Uma lógica que afronta a sociedade e a democracia.
O Sindicato Nacional dos Aeroportuários (Sina) está denunciando essa licitação ao Ministério Público Federal, ao Tribunal de Contas da União e à Ordem dos Advogados do Brasil. Também vai lutar para que os candidatos nas eleições formalizem que não farão mais concessões de terminais aéreos.
A Aviação Civil é a porta de entrada para o povo do Norte do país e para os produtos importados e exportados do Pólo Industrial de Manaus. Não podemos deixar que o Teca seja privatizado e suas tarifas majoradas em mais de 40%, como aconteceu no Teca de Viracopos-SP. É o povo amazonense que será o maior prejudicado.
O povo amazonense sabe o quanto é importante o investimento público para garantir o acesso à infraestrutura que gera desenvolvimento à Região. Vamos nos entregar, ou vamos lutar?